segunda-feira, março 05, 2007

Quando o pagamento não vem em dinheiro

Ultimamente tem sido assim: tenho vivido muito, todos os momentos da minha vida. Tenho feito uma porção de coisas, tenho mudado a minha vida e a de algumas pessoas e, no entanto, não sinto aquela vontade imensa de antes de escrever aqui no blog. Mas uma coisa eu preciso contar: comecei um trabalho voluntário.

É verdade que antes de passar pelo tratamento para depressão pensei em largar o emprego e ir dar aula de inglês na escola em que estudei, por conta dos vários convites que me fizeram, mas acabei dando prioridade pra outras coisas e a minha vida começou a mudar devagar.... Até o dia em que a minha vida não era mais a mesma em nenhum aspecto.

Mas estou me adiantando na história e vou começar pelo começo.

Quando eu queria que o Mundo parasse pra que eu pudesse descer, pensei em largar meu trabalho e começar do zero. Coisa que faço, sempre que quebro a cara com algo. E eu achava que tinha quebrado a cara com o meu trabalho, mas na verdade estava entrando em depressão. Na verdade eu não tinha forças pra isso, nem pra quase nada. Nem sei onde fui buscar forças pra correr atrás de ajuda e sair da depressão. A preocupação era, na verdade, de ter a minha vida de volta, de trabalhar e sentir prazer nisso. Por isso, pensei em dar aulas de Inglês na escola em que eu havia concluído o curso. É claro que eu sabia que ia ter que trabalhar aos sábados e domingos, pois naquela escola o número de alunos é enorme e as aulas acontecem todos os dias. Mas a minha maior preocupação era continuar ganhando dinheiro. Era sempre o maldito dinheiro.

O tempo passou, comecei a fazer tratamento para sair da depressão e outras coisas começaram a acontecer, entre elas a minha mudança mental e física.
Foi quando recobrei a minha confiança profissional e meu lugar no trabalho, e coloquei a mão na massa. E minha vida continuou a mudar.

Seis meses se passaram desde que comecei o tratamento.

Há três semanas fui chamada para dar aula de Inglês em uma Associação que ajuda jovens a entrarem na faculdade oferecendo cursos preparatórios, sem custo nenhum pra eles. E esses alunos contam com a boa vontade de professores de escolas, públicas ou não, para ajudá-los a conquistar a tão sonhada vaga.

Na hora eu fiquei com medo de não saber o bastante, mas depois fui lá pra conferir e dar a primeira aula. E fiquei duas aulas seguidas com os alunos, conversando, conhecendo um pouco de cada um...

Mais tarde soube que a classe me adorou. Adorou meu jeito elétrico, falante, toda sorriso. Todos aprenderam um pouquinho nesse sábado, 3 de março.

Assim como um dia recebi a ajuda de uma pessoa para começar o curso de Inglês, agora tenho a oportunidade de passar para uma classe de 40 alunos o mesmo tipo de ajuda.

E a sensação que tive foi melhor do que receber um gordo pagamento. A sensação de poder passar algum conhecimento para pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que eu é extremamente gratificante.

E é impressionante como o ser humano precisa se sentir útil.

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