terça-feira, maio 29, 2007

B.R.M.C. COMPLETO

Longe de ser um Marcelo Costa da vida ou um Lúcio Ribeiro de papetes, venho aqui expressar, sem pedir licença, afinal o Blog é meu, a felicidade de ter a discografia completa de uma das melhores bandas da atualidade.

Achei que nunca fosse escrever isso, mas estou realmente satisfeita em ter a coleção completa do B.R.M.C. (Black Rebel Motorcycle Club, pra quem não conhece). Um disco melhor que o outro! Uma coisa impressionante. Quando você acha que os caras já fizeram demais com três discos, um EP e mais um acústico, os caras lançam um disco TOTALMENTE Rock'n'Roll.

O primeiro, B.R.M.C. 2000, eu não conhecia muito bem, mas depois de comprar fiquei de queixo caído, ainda mais quando ouvi Love Burns (nada de sentimentalismo e letras melódicas, rapazes) e Whatever Happened To My Rock 'N' Roll, que é uma música muito além do que já tinha ouvido das bandas relativamente novas. Mas também, era o primeiro disco e, até então, o mais comentado, mesmo com os demais sendo muito bons.



Depois, o TTO,OYO (Take Them On, On Your Own, de 2003), que foi o que conheci primeiro, me apaixonei logo de cara. Os caras passam a impressão de incorporar algo além da superfície musical (rasa) dos dias de hoje, e a guitarra é forte e marcante em quase todas as músicas. A primeira frase da primeira música é sensacional: We don't like you, we just want to try you. Dá vontade de fazer uma camiseta assim. Depois, lá pra 7 música, tem uma baladinha mais tranqüila no meio do disco, a Shade of Blue, muito boa também com um refrão de foder:

I don't care if you can take it
I can't take it anymore, I'll die

Don't mind if you can take it

I can't take it anymore, I'll die

E é claro que o disco continua com guitarras afiadas e um bom gosto sem tamanho pra cada faixa do álbum.


Mas depois veio Howl (de 2003) e, logo em seguida, Howl Sessions, (um EP do Howl lançado no mesmo ano), como se ainda precisasse, com tanta música boa, já no primeiro desse mesmo ano. Esse segundo, o Howl Sessions, só na internet, nem na discografia dos caras consta. Eu fui lá ver no All Music e não tem, mesmo. Mais uma vez, Howl Sessions é recheado de músicas que embalam e trazem uma certa rebeldia, mesmo repetindo músicas dos discos anteriores, ele ainda é bom. Time won't save our souls, refrão de Shuffle your Feet e Devil's Waitin' trazem uma sensação de Gospel Song. Não é à toa que os caras ficaram conhecidos por esse estilo, muito embora eu ainda ache que se trata de rock mesmo.




Mas aí, eu acho que os caras resolveram experimentar um acústico e fizeram uma compilação de todas as músicas que eles achavam mais legais. Inclusive as que EU achava mais legais. Sim, não posso negar que há uma certa pagação de pau pros caras (casaria com o vocalista numa boa). Esse outro CD leva o nome de Black Rebel Motorcicle Club KEXP Acoustic Concert, e, mais uma vez, não foi fácil de achar. Foi gravado num programa de rádio em algum lugar, longe daqui. Fazer o que?


Mas, depois de tanta espera, eis que o B.R.M.C. lança o Baby 81. Aí o bicho pegou. Tem gente que fala que uma banda deveria acabar depois do terceiro álbum. Eu acho exatamente ao contrário. Desde que a música seja boa, que as façam para o resto da vida deles, oras. E com esse não poderia ser diferente. A começar pelo nome das músicas:


1. Took Out A Loan
2. Berlin
3. Weapon Of Choice
4. Window
5. Cold Wind
6. Not What You Wanted
7. 666 Conducer
8. All You Do Is Talk
9. Lien On Your Dreams
10. Need Some Air
11. Killing The Light
12. American X
13. Am I Only

Esse álbum eu ainda estou ouvindo. Incessantemente.

domingo, maio 27, 2007

Mais de Malvados



André Dahmer, você me inspira. Pena que tira férias demais.

Amor incondicional

Antes de tudo, quando eu era egoísta, aproveitava mal a vida e não dava importância para pequenos eventos do cotidiano. Achava que nunca teria paciência com uma criança, tanto que filhos nunca foram parte do meu plano de vida. Não enxergava a beleza na vida, mas sabia que a vida em si era algo extremamente frágil, singela como uma brisa, e que se você não cuida, aquele brilho nos olhos desaparece como se nunca tivesse existido.

Depois da depressão, passei a olhar com outros olhos as coisas simples.

A chegada da minha sobrinha, há dois anos e meio, já havia me feito chorar de emoção, mas quando ela veio morar comigo, a minha vida se tornou algo imprevisível. Numa hora ela está feliz, noutra extremamente irritada. Tem os genes da família, metade italiana, metade espanhola.

Aqui ninguém possui uma personalidade meiga, "fofa", adocicada. Somos todas (assim, no feminimo mesmo, porque nosso pai não é vivo) diretas, muito habilidosas com as tarefas, normalmente executadas por homens, mas às vezes precisamos que um pedreiro ou um eletricista faça um serviço ou outro. Isso fez com que endurecêssemos um pouco e deixássemos de notar algumas belezas da vida, e do cotidiano, principalmente.

A chegada da Yara fez com que eu sentisse realmente como a vida é frágil e linda. Ela me cativou com cada ato de inocência e ingenuidade, com cada ato de carinho e afeto. Às vezes eu estou com ela no colo e ela me abraça e me beija. Às vezes vem em minha direção com um sorriso puro e simplesmente diz "tia Lu, eu amo você". Ela gosta que eu note os brincos de joaninha que ela usa e, por vezes, levanta os cabelos pra me mostrar. É bem certo que quer um elogio. E, assim como eu adorava carinho nos cabelos, ela me pede da mesma maneira que eu pedia ao meu pai.

Todas as balas "ardidas" que compro pra mim é ela quem come. Ela adora meus Tic Tac extra forte. Já sabe também fazer o sinal de "Metal!" e fica repetindo várias e várias vezes até que eu concorde com ela. Mas ela também adora que eu coloque Madonna pra ela dançar, tudo à maneira dela, claro.

Não haveria espaço aqui para expressar todas as sensações que a Yara me proporciona, mas, sem dúvida alguma, o amor que ela demonstra é algo que nunca vi em toda a minha vida.

A Yara não vai ler este texto tão cedo, mas eu gostaria que ela soubesse, de alguma forma, que o amor dela não é em vão. Ela mudou a minha vida e continua mudando, mesmo quando ela está chata por causa de uma gripe. Ela devolveu toda a esperança que eu tinha perdido e, apesar de eu continuar tocando a minha vida numa estrada de terra cheia de buracos e pedras, quando olho para o lado, lá está ela com aquele sorriso doce e puro. E um brilho nos olhos que darei a minha vida para mantê-los.

sexta-feira, maio 11, 2007

Em tempo

Nao tente me passar para trás.

Há muito, eu estou na sua frente e já alcancei um percurso razoável.

Já estou até completando outra volta...

terça-feira, maio 08, 2007

Álcool demais?

Numa certa manhã de ressaca ouvi da minha irmã: "O álcool destrói".

Destrói mesmo, mas pena que não apaga a memória. Pelo menos pra mim. Não sofro de amnésia alcoólica. Merda.



Aí, encontrei algo, um poema sobre o álcool, da Hilda Hilst. Tem mais um monte de coisa por lá.


É crua a vida. Alça de tripa e metal.

Nela despenco: pedra mórula ferida.

É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.

Como-a no livor da língua

Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me

No estreito-pouco

Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida

Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.

E perambulamos de coturno pela rua

Rubras, góticas, altas de corpo e copos.

A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.

E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima

Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.

(Alcoólicas - I)