terça-feira, agosto 29, 2006

O Funk, o celular e o Prozac

Eu já comentei aqui numa outra ocasião que quem canta no ônibus me enlouquece. Naquela época era uma crente que cantava de maneira desafinada um hino da igreja, tentando evangelizar todos os passageiros. E esses crentes acham que quem não gosta de música evengélica (ou gospel como eles gostam de chamar) têm o diabo no corpo.

Pois bem, estou eu, vindo trabalhar, num dos piores dias da minha vida, depois que recebi a depressão como companheira constante e junto com ela as lágrimas, as ânsias de vômito, a falta de apetite... os remédios e a rejeição de pessoas fracas demais pra me ver passar por esse momento tão doído, e sento no ônibus, que nem sempre pego, e do meu lado senta um rapaz, um afro-brasileiro. Liga o celular na sintonia MP3 pra escutar músicas SEM FONES DE OUVIDO. Eu lá, quieta, olhando pelo vidro embaçado de creme de cabelo de alguma outra afro-brasileira que passou por lá ants de mim. O rapaz colocou um funk, mas um funk muito alto, nem sei como celular que toca MP3 pode ser tão potente. Mas a música era alta, e com um som destorcido, metálico, como se fosse mono:

blá, blá, blá, blá, blá, blá, o proibidão do funk, blé, blé, blé, blé, blé, blé, as mina faz assim...

Tem coisa que vem na hora certa. Bendito Prozac.

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